A pandemia do novo coronavírus pegou todos os setores da vida contemporânea de surpresa. Ninguém esperava que, de uma hora para outra, todos teriam que mudar seus hábitos de maneira tão abrupta. Todas essas mudanças de hábito, obviamente, refletem na economia. O mercado imobiliário não ficou de fora e, com o isolamento social e as novas medidas sanitárias, também sofreu mudanças.
Covid-19 e a economia
Um artigo publicado pela BBC News Brasil mostrou um estudo realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que apontou os principais efeitos do coronavírus no mercado econômico. De modo geral, segundo o estudo, é inevitável um recuo no crescimento da economia mundial.
Uma perspectiva que, antes da pandemia, era de 2,9%, passou para 2,9%, correndo o risco de cair para 1,5% com o aumento na duração do período de pandemia, que já conta com novas ondas de contágio.
Esse recuo no crescimento econômico pode ser traduzido em fechamentos de fábricas e empresas, desvalorização de ativos financeiros, aumento no desemprego e elevação dos gastos públicos, entre muitos outros.
No caso do Brasil, o cenário também é preocupante, de acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicada em um artigo da revista ISTOÉ Dinheiro. Dados dessa pesquisa mostram que 47% das empresas declararam perdas financeiras.
A situação econômica, tanto mundial como nacional, refletida na mudança de hábitos dos consumidores, afetou o mercado imobiliário.
Mercado imobiliário no Lockdown
Os efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus no mercado imobiliário começaram logo nos primeiros meses, com a incerteza e o medo que atingiu quem pretendia comprar ou investir em um imóvel.
Essa situação, porém, não durou muito. A retomada das transações financeiras no mercado imobiliário foi, na verdade, tida como surpreendente pelos especialistas. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o índice FipeZap, revelam o reaquecimento do setor.
De acordo com os dados, o crescimento nas vendas de imóveis no segundo semestre de 2020 já era de 0,23%. Além disso, a quantia de financiamentos no mês de maio de 2020 apresentou alta de 8,2%, um total de R$7,14 bilhões, em comparação ao ano anterior.
A busca por crédito imobiliário chegou a apontar um aumento de 64,4% no primeiro semestre de 2020, comparando com o ano anterior. O crédito imobiliário com recursos da poupança, por sua vez, cresceu 22,6%. O acumulado de 12 meses dessa modalidade, até maio de 2020, superou em 30,5% o valor dos 12 meses anteriores, significando um faturamento de R$ 85,1 bilhões.
Alguns fatores podem explicar a prosperidade do setor em meio ao caos mundial:
Queda da Selic
A queda acentuada da taxa básica de juros ocorreu por causa dos impactos que abalaram o cenário econômico. O Comitê de Política Monetária, o Copom, reduziu a taxa Selic para 2% ao ano, uma margem histórica. Com isso, os juros aplicados aos financiamentos e aos preços dos imóveis baixaram, o que motivou muitos compradores a realizarem negócios.
Medidas alternativas
Muitas medidas adotadas pelas empresas do ramo imobiliário se tornaram queridinhas do público. O que antes era visto como emergencial, como por exemplo, visitas individualizadas ou virtuais a apartamentos e casas, atraiu os clientes pelo nível de personalização do atendimento e serviu como alavanca para o crescimento do mercado.
Isolamento social
Impedidas de sair de casa, as pessoas começaram a passar mais tempo em suas próprias casas, o que antes não acontecia. Muitas famílias, a partir disso, tiveram que rever o esquema de residência que haviam escolhido, que por vezes não se encaixava mais no modelo que necessitavam. Famílias que viviam em apartamentos pequenos com crianças, por exemplo, viram a necessidade de um quintal ou uma área ao ar livre mais extensa. Moradores de áreas movimentadas, por sua vez, buscaram isolamento junto à natureza, ou, ao contrário, moradores de áreas mais isoladas procuraram moradias em centros urbanos para facilitar o consumo de bens por delivery e evitar sair de casa para compras.
A soma dessas condições atuais acabaram por favorecer e muito o mercado imobiliário. Porém, ainda não se sabe até quando os incentivos governamentais e a facilidade para obtenção de crédito imobiliário continuarão neste nível.
O que esperar daqui pra frente
Levando em consideração o comportamento econômico em crises anteriores, o retorno ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional tende a ser lento. Mesmo assim, considerando a boa manutenção do mercado imobiliário, a tendência é que a maré continue positiva para o setor.
Assim que o consumidor retomar seu poder de compra, a tendência é que, os que não conseguiram realizar uma mudança na pandemia, foquem nisso. Os investidores, porém, podem aproveitar a fase para aumentar o preço dos apartamentos à venda em Ondina, por exemplo, e valorizar ainda mais o mercado já aquecido com a pandemia.
Com o aumento do home office e a tendência de as empresas adquirirem o modelo de modo permanente, o movimento de clientes que procuram imóveis que se adaptem ao seu trabalho tende a aumentar. Investir em moradias inteligentes e adaptadas ao trabalho remoto pode ser uma estratégia de sucesso nos negócios.
As mudanças, no entanto, são inevitáveis. Ainda é preciso entender que, mesmo com o reaquecimento do mercado, muitos setores perderam toda a movimentação financeira. Além disso, é preciso atentar sempre aos perigos futuros, como a iminência de novos surtos e mudança de hábitos dos clientes.